O céu se abre no momento em que nosso caminhão deixa o último trecho de estrada pavimentada. A Diretora do Programa de Água, Dra. Marcia Macedo, aperta os olhos para manter o foco no que consegue ver entre uma limpeza e outra do para-brisa. Em poucos minutos, nosso caminho se transformou de uma estrada de terra em um leito de rio de lama laranja brilhante, sulcado pela passagem de caminhões pesados que transportam soja das fazendas vizinhas.

Macedo desvia para evitar solavancos e depressões, mas logo há mais deles do que estrada plana. Nós nos preparamos para as poças, olhando pelas janelas salpicadas de spray laranja.

É uma manhã de segunda-feira, na estação chuvosa, nos arredores da Amazônia, e estamos indo para o trabalho.

A Estação de Campo de Tanguro fica a cerca de uma hora de carro de Canarana, a cidade mais próxima, localizada em uma região do Brasil às vezes chamada de arco do desmatamento. Há várias décadas, a agricultura começou a surgir na região sul da floresta amazônica, criando áreas retangulares de terras agrícolas na floresta primária. Na maior parte do trajeto, somos ladeados apenas por megacampos de soja ou pastos de gado.

Macedo, que realiza pesquisas na Tanguro desde 2007, lembra-se de uma época em que a viagem poderia ter sido marcada pela travessia do limiar das savanas florestais do Cerrado – Brasil – para a Amazônia. Agora, o desmatamento próximo à estrada obscureceu essa transição natural. Eventualmente, no entanto, tufos verdes exuberantes emergem da chuva e percebemos que estamos quase lá.

Desde a sua fundação em 2004, a Tanguro tem oferecido a pesquisadores de todo o mundo a oportunidade de investigar grandes questões sobre como as mudanças climáticas e o desmatamento estão afetando a Amazônia. Macedo e sua equipe vieram para estudar os córregos e reservatórios da Tanguro.

Paramos do lado de fora da estação de pesquisa, tirando as malas, embrulhadas em sacos plásticos de lixo, da caçamba da caminhonete. A assistente de pesquisa, Zoe Dietrich, segura vários componentes eletrônicos vitais no peito, levando-os para uma varanda coberta para protegê-los da chuva. A pós-doutoranda Dra. Aibra Atwood começa a retirar tubos de núcleo de sedimentos de uma pilha de equipamentos. As nuvens se dissipam e o dia de trabalho na Tanguro começa.

A Fundação

A decisão de se estabelecer na fazenda Tanguro causou polêmica na época.“Quase nos separou”, lembra o fundador da Tanguro, Dr. Daniel Nepstad. “Tivemos uma discussão que durou dois dias.”

Quatorze anos antes, Nepstad havia estabelecido o programa amazônico no Woodwell Climate (então Woods Hole Research Center) no estado do Pará, estudando a resiliência das florestas amazônicas durante as longas estações secas. Esse trabalho deu origem a um novo instituto de pesquisa com sede no Brasil – em 1995, Nepstad cofundou o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) em Belém para buscar ciência relevante para políticas que pudessem informar o desenvolvimento sustentável na Amazônia. A Woodwell Climate e o IPAM começaram a realizar experimentos de simulação de secas e descobriram que a floresta tropical, que há muito tempo era considerada imune ao fogo, perdia essa resistência durante secas severas. Para investigar as implicações disso, Nepstad percebeu que eles precisavam de um novo experimento em algum lugar na borda da Amazônia, onde é mais seco o ano todo.

Nepstad vinha passando cada vez mais tempo no estado do Mato Grosso, interessado pela expansão do cultivo de soja na Amazônia. Durante sua busca por um novo local de estudo, o Grupo Amaggi fez um convite extraordinário.

O Grupo Amaggi era, na época, o maior produtor de soja do mundo, e a soja estava rapidamente se tornando o inimigo ambiental número um, à medida que centenas de milhares de acres de florestas eram derrubados para expandir seu cultivo.

“Mas o Grupo Amaggi, uma empresa brasileira, queria se antecipar à questão”, diz Nepstad. A perspectiva de perder um mercado importante na Europa levantou questões sobre o melhor caminho a seguir. Em 2002, eles criaram o primeiro sistema para rastrear as práticas florestais dos agricultores que lhes vendiam soja. Em 2004, eles fizeram um convite a Nepstad para pesquisar as florestas em sua recém-adquirida propriedade Tanguro, um conjunto de fazendas de gado desmatadas que estavam em processo de conversão para campos de soja.

A esperança era que a pesquisa demonstrasse ao mundo o que realmente estava acontecendo nessas enormes fazendas de soja na Amazônia, fornecendo dados que poderiam contribuir para conversas sobre soja sustentável.

“Há vinte anos, havia muitas discussões sobre preservação ambiental e agricultura”, diz a Diretora de ESG, Comunicações e Conformidade do Grupo Amaggi, Juliana de Lavor Lopes. “Esses dois podem criar uma simbiose? Acho que sabíamos que [eles] poderiam trabalhar juntos, mas será que poderíamos provar isso?”

Para Nepstad, o convite também foi a oportunidade perfeita para realizar um experimento de fogo controlado em um local ideal. Após muitos debates, o IPAM decidiu aceitar.

“Muitas pessoas temiam que isso arruinasse nossa reputação, minasse nossa credibilidade junto às organizações de base – muitas ONGs achavam que estávamos nos vendendo”, diz Nepstad. “Algumas pessoas nos acusaram de termos sido comprados pelo Grupo Amaggi.”

Mas Nepstad foi muito claro quanto aos termos da parceria. Eles não aceitariam nenhum dinheiro da empresa além do que o Grupo Amaggi investiu nos prédios do campus da estação de pesquisa. E eles só apoiariam as atividades da fazenda na medida em que a ciência permitisse. A pesquisa relataria com precisão os impactos da agricultura sobre a floresta, sem restrições de publicação

Assim, em 2004, com poucos recursos financeiros, mas acompanhados por uma equipe dedicada de técnicos de campo e pesquisadores dos experimentos de seca no Pará, – alguns dos quais ainda trabalham na estação de campo atualmente – Woodwell e IPAM montaram um acampamento na Tanguro.

A vida na estação

As botas sujas de lama começam a fazer fila do lado de fora da porta do refeitório às 11h50. Donna Lucia serve o almoço pontualmente ao meio-dia.

Maria Lúcia Pinheiro Nascimento administra a cozinha da Tanguro há mais de 16 anos, preparando refeições fartas para cientistas e técnicos de campo famintos três vezes ao dia. O almoço e o jantar geralmente envolvem alguma carne grelhada ou cozida lentamente, arroz, feijão e uma salada fresca ou legumes assados. Hoje tem abóbora, abobrinha e sobras de linguiça e peito do churrasco de ontem à noite. O café da manhã é mais leve – pão de queijo, ovos, pão fresco, frutas e café – preparado e devorado antes do início do trabalho às 7h.

Muitos dos técnicos que vivem e trabalham aqui cinco dias por semana dizem que a Tanguro é como uma segunda casa, e seus colegas, uma segunda família. Para Dona Lúcia, como é chamada pelos funcionários e visitantes, cozinhar para a estação de pesquisa não é como cozinhar para a família. É realmente cozinhar para a família. Seu marido, Sebastião Nascimento, o “Seu Bate”, foi um dos primeiros técnicos de campo a trabalhar no experimento de seca no Pará. Ele voou para se juntar à equipe da Tanguro um ano após a fundação da empresa e trouxe sua família um ano depois, incluindo seu filho, Ebis Pinheiro de Nascimento, que também entrou como técnico de campo. Um terceiro técnico do Pará, Raimundo Mota Quintino, conhecido como “Santarém”, juntou-se à família quando se casou com a filha de Dona Lúcia.

“Estou com minha família”, diz ela. “Isso me traz alegria.”

Com ou sem parentesco, a equipe da Tanguro trabalha em conjunto, como uma família. A cooperação e o respeito são essenciais em um lugar tão remoto e desconectado (o wifi só se estende a cerca de 18 metros do prédio da cantina) como a Tanguro.

“Brincamos que é como se fosse o ‘Big Brother’”, diz o gerente de campo Darlisson Nunes da Costa. “Mas estamos realmente unidos e nos respeitamos mutuamente. É um ambiente maravilhoso para se trabalhar”.

Também pode ser um ambiente fisicamente desafiador, com longos dias de calor e umidade, preocupações com a segurança em uma floresta cheia de cobras e onças, porcos selvagens territoriais e terrenos que podem facilmente causar uma torção no tornozelo. Ao mesmo tempo, garantindo que os cientistas obtenham os dados de que precisam.

Todo técnico de campo precisa ser adaptável e versátil, pois, além dos horários das refeições, não há rotina diária. Sua manhã pode envolver o corte de videiras para encontrar um caminho para um riacho escondido, selecionado a partir de imagens de satélite como um local de amostragem. A tarde pode ser dedicada à solução de problemas em uma das torres de monitoramento de carbono.

“Não podemos dizer que temos um trabalho monótono”, diz Seu Bate. “Fazemos de tudo um pouco.”

Mesmo assim, cada um dos técnicos desenvolveu suas especialidades ao longo das décadas. Santarém ainda usa as habilidades de aquaviário de seu trabalho anterior como guia de pesca na cidade portuária do Pará que lhe deu o apelido. Ele leva a canoa para os reservatórios com frequência, ajudando os pesquisadores a extraírem núcleos de sedimentos. Seu Bate pode construir o que você precisar – seja a base de alumínio para uma câmara flutuante de monitoramento de metano ou um colar personalizado para segurar tubos de núcleo de solo pesados enquanto você coleta amostras, basta dar a ele 20 minutos e algumas ferramentas elétricas. Nunes da Costa mantém as atividades de campo da equipe organizadas a cada semana e consegue, sem esforço, abrir um caminho claro na floresta. O Ebis gosta de coletar dados, especialmente quando isso envolve a coleta de amostras de água ou de peixes nos cursos d’água de Tanguro. Para o coordenador de projetos científicos da estação, Dr. Leonardo Maracahipes-Santos, escalar a torre de carbono de 35 metros é como caminhar.

As pessoas que visitam a Tanguro variam. Às vezes, as semanas passam com apenas os técnicos de campo na residência e, às vezes, as pequenas casas em estilo de cabine e a alegre cantina da estação estão repletas de hóspedes.

Esta primavera já foi bastante movimentada. Maracahipes-Santos cuida das atividades diárias e organiza a equipe rotativa de visitantes. Em poucas semanas, ele passou de acompanhar

uma equipe de jornalistas brasileiros pelos locais de estudo, a trabalhar com colaboradores do Instituto Max Planck na manutenção de rotina das torres de carbono e a coordenar conversas entre pesquisadores visitantes e representantes do Grupo Amaggi sobre a remoção de várias barragens na propriedade.

E mesmo durante as semanas mais calmas, ainda há muita ciência a ser feita – coleta de amostras para estudos em andamento, execução de análises de dados, verificação de equipamentos. É difícil conseguir um dia de folga na Tanguro, mas pelo menos nunca é entediante.

“É muito interessante, porque fazemos parte de um projeto grandioso, que é montar experimentos em campo junto com os cientistas”, diz Nunes da Costa. “Nós nos sentimos um pouco como cientistas porque todo esse negócio começa no chão. Podemos começar com um pedaço de madeira colocado no chão e chegar até um artigo científico. Tenho muito orgulho. Não apenas de mim, mas de toda a equipe.”

Por sua vez, Dona Lucia se orgulha de alimentar a ciência na Tanguro.

“Tenho muito orgulho de estar em uma empresa como esta, hoje”, diz Dona Lúcia. “Hoje em dia, para trabalhar em uma empresa como essa, é preciso ter um diploma, e eu não tenho. Não tenho diploma de gastronomia. Não tenho nenhum diploma. Mas aprendo todos os dias”.

Um laboratório natural

O trabalho de campo termina às 16h, deixando Macedo, Atwood, Nunez da Costa e eu suados e exaustos após passar uma tarde vagando por áreas úmidas acidentadas em busca de leitos de riachos. A Atwood estava colocando medidores de temperatura a cada 500 metros acima e abaixo dos reservatórios. Ela está interessada nos impactos que esses pequenos corpos d’água têm sobre a bacia hidrográfica e até onde esses impactos se estendem. No entanto, os riachos amazônicos muitas vezes passam por segmentos intransponíveis de pântano, de modo que encontrar os locais de amostragem exige uma caminhada vigorosa e um bom facão.

Após a caminhada, encontramos o grupo de jornalistas visitantes no reservatório de Darro. Um dos maiores reservatórios de Tanguro, o Darro fornece água para a estação de pesquisa para chuveiros e limpeza. Em dias especialmente quentes, também é um ótimo local para nadar.

A água é quente – mais quente do que os riachos próximos, os dados de temperatura de Atwood confirmaram – mas ainda assim mais fria do que o ar abafado. Também é transparente. Nossos pés podem ser vistos pisando na faixa de água mais fria lá embaixo. Reflexos brancos e ondulantes se formam na superfície, um espelho perfeito das nuvens acima.

Na Amazônia, a água é tudo. É isso que torna possível a existência de florestas exuberantes. É o que liga uma fazenda de soja no Mato Grosso a estuários na foz do rio Amazonas. E é isso que conecta essa região ao clima global. As nuvens que se aglomeram acima de Darro ficam mais pesadas e mais escuras com a chuva enquanto nadamos. Embora parte dessa chuva caia de volta à Terra aqui, outra parte é empurrada para fora dos trópicos para cair em outros lugares.

“A água faz duas coisas”, diz o diretor do programa Woodwell Tropics, Dr. Mike Coe. “Primeiro: a chuva está caindo em outro lugar. Segundo: água é energia. É preciso uma enorme quantidade de energia para evaporar a água e essa energia é liberada em outro lugar quando chove. Assim, a energia do sol que cai aqui é transportada para todo o mundo. Isso é muito importante. Isso define o clima”.

Isso significa que, por meio da água, as mudanças aqui têm o potencial de causar grandes mudanças em todo o mundo. A localização da Tanguro em uma região da Amazônia que sofreu intenso desmatamento para a agricultura há apenas algumas décadas torna-a um local ideal para estudar essa causa e efeito.

“Quando você remove as florestas da paisagem, você muda algumas coisas fundamentalmente que não podem ser desfeitas”, diz Macedo. “Você altera a quantidade de água nos córregos, altera a profundidade de enraizamento das plantas na paisagem, altera todo o ciclo hidrológico.”

A Tanguro é bastante representativa das mudanças ocorridas em toda a região. É um mosaico de florestas naturais, campos de soja e algodão e alguns bosques de eucaliptos plantados. Algumas de suas bacias hidrográficas estão completamente dentro dos limites da floresta, outras passam completamente por terras agrícolas. Alguns riachos têm florestas bem preservadas ao longo de suas margens, enquanto outros estão em processo de restauração. As espécies amazônicas se misturam com as da savana brasileira. Está se tornando mais quente e mais seco à medida que o clima muda. Para os cientistas climáticos e ecologistas da Woodwell e do IPAM, esse é o laboratório natural perfeito.

Como o primeiro projeto de pesquisa lançado naquele laboratório, o experimento com fogo ganhou muita atenção.

“O Grupo Amaggi mobilizou a sociedade, havia jornalistas, repórteres de jornais e bombeiros. Pessoas da empresa e pessoas das cidades locais”, lembra Nepstad. Era um território novo, queimando intencionalmente a floresta para saber como isso mudava a paisagem. “Foi muito emocionante.”

A cada novo ano de queima, as percepções se revelavam. Em um ano particularmente quente e seco, a floresta queimou ainda mais do que o previsto. Nepstad se lembra de ter visto as chamas, na altura das canelas, ainda queimando às 2h da manhã seguinte. A mortalidade das árvores depois disso saltou de 6% para 50%.

“Isso foi trágico para aquele trecho de floresta”, diz Macedo. “Mas produziu percepções realmente importantes. Quase presciente. Basta olhar para 2023: foi um ano incrivelmente seco na Amazônia e, de repente, vimos florestas no meio da floresta tropical – áreas que costumavam ser muito úmidas para queimar agora podem queimar durante uma grande seca.”

Com o experimento de fogo em andamento, ainda havia quase 200.000 acres de terra disponíveis para estudo, então Nepstad convidou pesquisadores como Macedo, Coe e o Dr. Paulo Brando, que trabalhou com Nepstad no Pará, para explorar que outras histórias a Tanguro poderia contar sobre a Amazônia. Em seus 20 anos de história, mais de 180 artigos foram publicados a partir de pesquisas na estação, variando em tópicos desde mudanças hidrológicas até os limites climáticos da agricultura produtiva, a degradação do carbono florestal e o valor dos excrementos de anta para restauração. Brando atribui os resultados prolíficos da estação ao conhecimento de sua equipe.

“Parte da magia da Tanguro é aprender com as pessoas que trabalham há 20 anos na floresta. Eles têm um senso intuitivo do que está acontecendo com a saúde dessas florestas”, diz Brando.

Outro aspecto exclusivo da localização da Tanguro é sua posição em relação ao ecossistema maior. As centenas de pequenos riachos que cruzam a Tanguro formam as cabeceiras do rio Xingu, um importante afluente do tronco principal do Amazonas. Tanguro fica a apenas 60 quilômetros da Terra Indígena Xingu, por onde corre o rio de mesmo nome. Quaisquer distúrbios a montante de nutrientes, sedimentos ou fluxo de saída do córrego têm o potencial de se propagar até a reserva, afetando os meios de subsistência das comunidades indígenas.

“Os cursos d’água que estamos explorando na Tanguro fluem para a Reserva do Xingu. Portanto, é importante entender essas questões científicas de como a qualidade da água está sendo afetada pela agricultura como uma questão transfronteiriça”, diz Macedo. “A água conecta tudo.”

Conexão com a comunidade

Quando a Coordenadora Geral da Tanguro, Dra. Ludmila Rattis, iniciou sua pesquisa de pós-doutorado na estação de campo, Canarana era uma cidade diferente – pequena e dominada por homens o suficiente para que uma cientista ambiental não tivesse esperança de permanecer anônima. Rattis via seu nome escrito na comnda do bar como “menina do IPAM”. Ao andar na rua, sentia os olhares e às vezes era abordada por pessoas perguntando se ela trabalhava com os indígenas.

Era um lugar difícil de se estar, lembra ela. “Eu me sentia observada o tempo todo. Eu não podia fazer nada sem trazer comigo o nome de uma instituição. E a conexão com a Internet era de menos de um megabyte, não dava para assistir filmes em streaming”, diz Rattis. “Abrir um e-mail era um desafio.”

Trabalhar para uma organização ambiental sem fins lucrativos em uma cidade agrícola que deve sua própria existência ao desmatamento é, às vezes, difícil de navegar. Mas a agricultura está entrelaçada no DNA da Estação de Campo de Tanguro. Os cientistas do clima podem se arrepiar ao ver escavadeiras pressionando a vegetação rasteira, mas em última análise, a proximidade com a agricultura aqui levou a algumas das percepções mais valiosas da estação.

“Por estarmos neste lugar há muito tempo, podemos observar as mudanças à medida que elas ocorrem e dizer algo com muito mais confiança sobre os impactos mais amplos na Amazônia”, diz Macedo.

A parceria com o Grupo Amaggi também ajudou a conectar a ciência a grandes decisões no setor de soja. Em 2012, quando os debates sobre o futuro do Código Florestal brasileiro estavam em pleno andamento, Nepstad foi convidado a participar de uma viagem de campo a Tanguro com os principais legisladores que estavam elaborando o novo código, incluindo o senador Blairo Maggi, proprietário do Grupo Amaggi. Ver em primeira mão os experimentos de restauração florestal na estação ajudou a demonstrar a viabilidade da implementação das novas proteções. O Código Florestal foi revisado e a maioria de suas restrições ao desmatamento ainda está em vigor.

“Foi realmente a ciência que abriu essas portas”, diz Nepstad.

A pesquisa de Rattis, em particular, contribuiu para fortalecer as parcerias com fazendas da região. Ela passou o ano em Canarana conversando com os agricultores sobre a experiência deles com as mudanças climáticas – estações chuvosas que começam mais tarde, queda na produtividade das colheitas – e perguntando quais informações os modelos climáticos poderiam ser úteis. Aos poucos, à medida que Rattis apresentava a eles seus resultados, mostrando-lhes as previsões de chuva e temperatura e mantendo um diálogo aberto, ela construiu um relacionamento que não só fortaleceu sua relação com a comunidade, mas ajudou a orientar pesquisas futuras.

“Os fazendeiros lhe dirão se algo parece certo ou não, e 90% das vezes eles dirão ‘uau, você pode me enviar esse gráfico? Quero mostrar aos meus vizinhos’”, diz Rattis. Um novo estudo começou depois que conversas com um gerente de fazenda sugeriram uma conexão entre as florestas e a produção agrícola. “Eu disse que estávamos nos perguntando se as plantações produziriam mais perto da floresta, e ele disse: ‘isso faz sentido porque as plantas de algodão são maiores perto da borda da mata’.”

Os pesquisadores da Tanguro também estabeleceram conexões com os moradores da reserva indígena do Xingu, nas proximidades, formando parcerias com as aldeias para estudar os impactos a jusante dos incêndios recorrentes. Um professor da Universidade Federal da Amazônia (UFRA), Dr. Divino Silvério, que realizou sua pesquisa de doutorado no Tanguro, liderou grande parte desse trabalho.

“A ideia principal era integrar o conhecimento científico que tínhamos na Tanguro com o conhecimento tradicional dos povos indígenas, para quantificar melhor os impactos do fogo sobre as espécies que são usadas por eles para alimentação, construção e medicina”, diz Silvério.

Durante o estudo, Silvério e sua equipe de pesquisa visitaram a reserva do Xingu para discutir a pesquisa e compartilhar percepções. Eles também forneceram bolsas de estudo a vários estudantes indígenas para ajudar na coleta de dados e visitar a Tanguro para uma troca de conhecimentos.

“Os povos indígenas vêm manejando bem as florestas há séculos”, diz Silvério. “Mas agora temos a mudança climática. Está se tornando realmente urgente ter esse tipo de conversa no sentido de encontrar algumas soluções para mitigar os impactos das mudanças climáticas sobre os meios de subsistência dessas pessoas.”

Rattis também acredita que a Tanguro tem um papel a desempenhar como um centro educacional. No último ano, ela tem trabalhado para criar um prêmio de redação para estudantes locais, homenageando um funcionário do IPAM que defendeu a educação ambiental nos anos 2000.

“A Tanguro que temos hoje é o legado de muitas pessoas que trabalharam lá”, diz Rattis.

Como será o futuro?

Maracahipes-Santos já escalou essa torre milhares de vezes. Hoje ele sobe mais uma vez para prender uma corda sobressalente em um de seus suportes superiores. Se um de nós desmaiar

no meio da escalada, pelo menos eles poderão nos descer com cuidado. Se tudo der certo, escalaremos os 35 metros para cima e para trás com nossa própria força, ancorados no centro da torre com um mecanismo que trava como um cinto de segurança sob força repentina para baixo.

A torre em si é essencialmente uma escada coberta de vegetação, com vários medidores de gás e de temperatura presos a postes finos no topo. Três deles estão localizados ao redor da Tanguro para monitorar o movimento de dióxido de carbono, vapor de água e outros gases que entram e saem da paisagem. Essa torre em particular fica a 15 minutos de caminhada em uma seção de floresta intacta que foi usada como local de controle durante o experimento de incêndio.

Depois de verificar e verificar novamente minhas cordas, um grito de Maracahipes-Santos, que já estava no topo, sinalizou que era hora de começar a escalada.

Uma mão sobe um degrau, depois a outra. Os pés acompanham. Passo, passo, respire. Você deve se inclinar para trás, deixar que o arnês o segure e empurrar seu peso para cima com as pernas, mas um instinto inabalável me faz puxar com força a escada, de modo que, quando chego ao topo, meus antebraços estão tremendo. Suada, ofegante, corada, mas finalmente sobre o galpão. Maracahipes-Santos sorri e prende meu gancho de segurança em um dos suportes. Aqui em cima, somos mais altos do que as árvores.

Do alto da torre, você pode ler a história e o futuro desse lugar apenas virando a cabeça. A floresta se estende até o horizonte em uma direção, um mosaico ininterrupto de verde profundo. Em outro, é possível ver retângulos enormes de terra vermelha e tapetes uniformes de soja verde-clara cortados na paisagem. Em algum lugar escondido atrás de um bosque de eucaliptos plantados estão os telhados de metal corrugado da estação de pesquisa. A chuva está caindo no horizonte.

Há poucas décadas, tudo isso era floresta. Apenas outro aglomerado impossivelmente espesso de organismos vivos que respiram, morrem e crescem novamente em um dos ecossistemas de maior biodiversidade do planeta. Agora, os instrumentos de sensoriamento remoto documentam seu declínio.

A pesquisa na Tanguro é orientada por uma grande questão: “Qual é o futuro da Amazônia?” Mas a resposta a essa pergunta dependerá: dos cientistas que continuarem a vir a Tanguro para entender como esse ecossistema está mudando; dos técnicos de campo que tornarem possível conduzir a ciência na floresta com segurança; dos fazendeiros que se orgulharem de cuidar das florestas que estão em suas terras; dos funcionários do governo que criarem políticas que reflitam a ciência; e das decisões de pessoas a milhares de quilômetros de distância para reverter a mudança climática.

“Quando se faz uma pesquisa sobre essa floresta, percebe-se que é um sistema incrivelmente resistente, que agora está enfrentando estresses e distúrbios cada vez mais fortes. Portanto, ele precisa de ajuda e precisa ter uma chance, mas continuará”, diz Nepstad. “E acho que a Tanguro tem um papel importante nisso.”

Os últimos 20 anos na Tanguro contribuíram para direcionar a Amazônia para um futuro mais promissor. O que os próximos 20 anos nos trarão?

“Minha esperança”, diz Rattis, “é que em 20 anos não estaremos mais lidando com o desmatamento. ‘Lembra-se daquela vez em que tivemos que convencer as pessoas a não derrubar a floresta? Estou muito feliz por termos superado isso’”.

An Alaska wildlife refuge is changing its wildfire strategy to limit carbon emissions

If blazes break out in parts of the Yukon Flats National Wildlife Refuge, firefighters will protect the layers of forest floor and permafrost that hold carbon

the bending arm of a river cuts through green grassy land with evergreen trees, mountains looming in the background

Baked with the around-the-clock summer sunlight and regularly peppered with lightning strikes, the Yukon Flats region in eastern Interior Alaska is regularly set ablaze with fires that are considered part of the natural forest cycle. Standard practice is to let them burn out on their own, unless they threaten people, their homes or other economically valuable property.

That is set to change this summer.

Continue reading on Alaska Beacon.

Climate records keep getting shattered. Here is what you need to know

dry, cracked, brown earth

Month after month, global temperatures are setting new records. Meanwhile, scientists and climate policymakers warn of the growing likelihood that the planet will soon exceed the warming target set at the landmark Paris 2015 climate talks.

Making sense of the run of climate extremes may be challenging for some. Here’s a look at what scientists are saying.

Read more on Associated Press News.

The sky opens up just as our truck leaves the last stretch of paved road. Water Program Director Dr. Marcia Macedo squints to stay focused on what she can see between wipes of the windshield. Within minutes, our path is transformed from a dirt road into a riverbed of bright orange mud, rutted from the passing of heavy trucks carrying soy off surrounding farms. Macedo swerves to dodge bumps and dips, but pretty soon there are more of them than there is flat road. We brace for the puddles, peering out windows spattered with orange spray.

It’s a Monday morning in the rainy season at the edge of the Amazon, and we’re commuting to work.

Tanguro Field Station lies about an hour’s drive from Canarana, the nearest town, located in a region of Brazil sometimes referred to as the arc of deforestation. Several decades ago, agriculture began surging into the southern reaches of the Amazon rainforest here, carving out rectangular patches of farmland from primary forest. For most of our drive, we are flanked only by mega-fields of soybean or scrubby cattle pastures.

Macedo, who has been conducting research at Tanguro since 2007, remembers a time when the drive could be marked by crossing a threshold from the Cerrado—Brazil’s woody savanna biome—into the Amazon. Now, clearing near the road has obscured that natural transition. Eventually clumps of lush green loom closer out of the rain and we know we’re nearly there.

Since its founding in 2004, Tanguro has offered researchers from around the world the opportunity to investigate big questions about how climate change and deforestation are affecting the Amazon. Macedo and her team have come to study Tanguro’s streams and reservoirs. 

We pull to a stop outside the research station, hauling suitcases wrapped in plastic trash bags out of the truck bed. Research assistant Zoë Dietrich, clutches several vital electronic components to her chest, ferrying them to a screened-in porch to keep them out of the rain. Postdoctoral researcher Dr. Abra Atwood starts digging out sediment core tubes from a pile of equipment. The clouds drift off and the work day at Tanguro begins.

I. The Founding

It was a controversial decision at the time. “The decision to set up on the Tanguro ranch almost drove a wedge through us,” recalls Tanguro founder, Dr. Daniel Nepstad. “We had a discussion that lasted two days.”

Fourteen years prior, Nepstad had established the Amazon program at Woodwell Climate (then the Woods Hole Research Center) in the state of Pará, studying the resilience of Amazon forests during long dry seasons. This work gave rise to a new research institute based in Brazil. In 1995, Nepstad co-founded the Amazon Environmental Research Institute (IPAM) in Belém to pursue policy-relevant science that could inform sustainable development in the Amazon. Woodwell Climate and IPAM began conducting simulated drought experiments and found that the rainforest, long thought to be immune to fire, lost that resistance during severe droughts. To investigate the implications of this, Nepstad realized, they needed a new experiment somewhere at the edge of the Amazon, where it’s drier year-round.

Nepstad had been spending more and more time in the state of Mato Grosso, fascinated by the expansion of soybean cultivation into the Amazon there. During his search for a new study site, Grupo Amaggi reached out with a remarkable invitation.

Grupo Amaggi was, at the time, the largest soy producer in the world, and soy was rapidly becoming environmental enemy number one, as hundreds of thousands of acres of forests fell to expand its cultivation.

“But Grupo Amaggi, a Brazilian company, wanted to get out in front of the issue,” says Nepstad. The prospect of losing a major market in Europe raised questions about the best way forward. In 2002 they set up the first system for tracing the forest practices of the farmers who sold them soy. And in 2004 they extended an invitation to Nepstad to study the forests on their newly acquired Tanguro property— an amalgamation of previously-cleared cattle ranches they were in the process of converting to soy fields. 

The hope was that the research would demonstrate to the world what was really happening in these massive soy farms in the Amazon, providing data that could contribute to conversations around sustainable soy.

“Twenty years ago there were lots of discussions about environmental preservation and agriculture,” says Grupo Amaggi’s ESG, Communications and Compliance Director, Juliana de Lavor Lopes. “Could those two create a symbiosis? I think we knew [they] could work together, but could we prove that?”

 For Nepstad, the invitation was also the perfect opportunity to run a controlled fire experiment in an ideal location. After much debate, IPAM decided to accept. 

“There were a lot of folks worried that this would ruin our reputation, undermine our credibility with grassroots organizations— a lot of NGOs felt like we were selling out,” says Nepstad. “Some people accused us of being bought off by Grupo Amaggi.”

But Nepstad was very clear on the terms of the partnership. They would accept no money from the company other than what Grupo Amaggi invested in the buildings on the research station campus. And they would only support the farm’s activities as far as the science allowed. The research would accurately report the impacts of agriculture on the forest, with no restrictions on publication. 

So in 2004, barely funded, but accompanied by a dedicated team of field technicians and researchers from the drought experiments in Pará— some of whom are still employed at the field station today— Woodwell and IPAM set up camp at Tanguro.

II. Life at the Station

Muddy boots start lining up outside the door to the cafeteria at 11:50am. Dona Lúcia sets lunch out promptly at noon. 

Maria Lúcia Pinheiro Nascimento has run the kitchen at Tanguro for over 16 years, cooking filling meals for hungry scientists and field technicians three times a day. Lunch and dinner usually involve some slow-cooked or grilled meat, rice, beans, and a fresh salad or roasted vegetables. Today there’s abóbora, a green-skinned pumpkin, and leftover sausage and brisket from last night’s churrasco. Breakfast is a lighter affair— pão de queijo, eggs, fresh bread, fruit, and coffee— set out and scarfed down before work starts at 7 am.

Many of the technicians who live and work here five days a week say Tanguro is like a second home, their peers a second family. For Dona Lúcia, as she’s called by staff and visitors alike, cooking for the research station isn’t just like cooking for family. It is cooking for family. Her husband, Sebastião Nascimento, “Seu Bate”, was one of the original field technicians working on the drought experiment in Pará. He flew down to join the crew at Tanguro a year after it was founded and brought his family down a year later, including his son, Ebis Pinheiro de Nascimento, who also joined as a field technician. A third technician from Pará, Raimundo Mota Quintino, known as “Santarém”, joined the family when he married Dona Lúcia’s daughter. 

“I’m with my family,” she says. “It gives me joy.”

Related or not, the team at Tanguro works together like a family. Cooperation and respect are essential in a place as remote and disconnected (wifi only extends 60ft from the cafeteria building) as Tanguro. 

“We joke that it’s like “Big Brother”,” says Field Manager, Darlisson Nunes da Costa. “But we are really united and we respect each other. That’s a wonderful environment to work in.” 

It can also be a physically challenging environment, with long days in the heat and humidity, navigating safety concerns in a forest full of snakes and jaguars, territorial wild pigs and terrain that could easily twist an ankle. All the while ensuring the scientists get the data they need.

Every field technician has to be adaptable and multi-talented, because aside from meal times there is no day-to-day routine. Your morning might involve slashing vines to find a path to a hidden stream, selected from satellite imagery as a sampling location. The afternoon could be spent troubleshooting errors at one of the carbon-monitoring towers. 

“We can’t say we have a fixed job,” says Seu Bate. “We do a bit of everything.”

All the same, the technicians have each developed their specialties over the decades. Santarém still uses waterman skills from his previous job as a fishing guide in the port city in Pará that gave him his nickname. He takes the canoe out on the reservoirs often, helping researchers pull sediment cores. Seu Bate can build whatever you need— whether it’s the aluminum base for a floating methane-monitoring chamber, or a custom collar to hold unwieldy soil core tubes while you sample them, just give him 20 minutes and some power tools. Nunes da Costa keeps the team’s field activities organized each week and can effortlessly cut a clear path through the forest. Ebis enjoys data collection, especially when it involves sampling the water or fishes in Tanguro’s waterways. For the station’s Scientific Projects Coordinator, Dr. Leonardo Maracahipes-Santos, climbing the 118 ft carbon tower is just like walking.

Outsider visits to Tanguro fluctuate. Sometimes weeks pass with only the field techs in residence, and sometimes the station’s small cabin-style houses and cheerful cafeteria are crawling with guests.

This spring has already been a busy one. Maracahipes-Santos handles day-to-day operations and organizes the rotating cast of visitors. In a few short weeks, he went from touring  a crew of Brazilian journalists around the study sites, to working with collaborators from the Max Planck institute on routine maintenance to the carbon towers, to coordinating conversations between visiting researchers and Grupo Amaggi representatives about removing several dams on the property. 

And even during slow weeks, there is plenty of science left to do—collecting samples for ongoing studies, running data analyses, checking on equipment. A day off is hard to come by at Tanguro, but at least it’s never boring.

“It’s very interesting, because we are part of a grand thing, which is to set up experiments in the field together with scientists,” says Nunes da Costa. “And we feel a little bit like scientists, because this whole business all starts on the ground. We can start from a piece of wood placed on the ground, and get all the way up to a scientific article. I feel very proud. Not only of me, but of the whole team.”

For her part, Dona Lúcia takes great pride in feeding the science at Tanguro. 

“I’m very proud to be in a company like this, today,” says Dona Lúcia. “Nowadays, to work in a company like this, you need a degree, and I don’t have one. I don’t have a culinary degree. I don’t have any degree. But I learn every day.”

III. A Natural Laboratory

Field work wraps up at 4pm, leaving Macedo, Atwood, Nunes da Costa, and me sweaty and exhausted from an afternoon spent trudging through uneven wetlands to find stream channels. Atwood was dropping temperature loggers every 500 meters above and below reservoirs. She’s interested in the impacts these small water bodies have on the watershed, and how far downstream those impacts extend. But Amazonian streams often twist through impassable segments of marsh, so finding the sample sites requires vigorous hiking and a good machete. 

After our hike, we rendezvous with the group of visiting journalists at the Darro Reservoir. One of the largest reservoirs at Tanguro, the Darro provides water to the research station for showers and cleaning. On especially hot days, it also makes a great swimming hole. 

The water is warm—warmer than nearby streams, Atwood’s temperature data has confirmed—but still cooler than the muggy air. It’s also glassy clear. Our feet are visible treading the band of colder water down below. Billowing white reflections form on the surface, a perfect mirror of the clouds above.

Water is everything in the Amazon. It’s what makes the lush forests possible. It’s what connects a soy farm in Mato Grosso to estuaries at the yawing mouth of the Amazon River. And it’s what connects this region to the global climate. The clouds clustering above Darro grow heavier and darker with rain while we swim. Although much of that rain will fall back to Earth here, a large portion of it gets pushed out from the tropics to fall in other places.

“Water does two things,” says Woodwell Tropics Program Director, Dr. Mike Coe. “One: it’s rainfall somewhere else. Two: water is energy. It takes a huge amount of energy to evaporate water and that energy gets released somewhere else when it rains. So the energy from the sun that falls here gets transported around the world. That’s huge. That drives climate.”

Which means that, through water, changes here have the potential to cause major changes across the globe. Tanguro’s location in a region of the Amazon that underwent intense deforestation for agriculture just a few decades ago makes it an ideal place to study that cause and effect.

“Once you remove forests from the landscape, you change some things fundamentally that you can’t really undo,” says Macedo. “You change the amount of water in streams, you change the rooting depth of the plants on the landscape, you change the entire hydrological cycle.” 

Tanguro is pretty representative of the changes experienced across the region. It’s a patchwork of natural forest, soy and cotton fields, and some planted eucalyptus groves. Some of its watersheds lie completely within the bounds of the forest, others run completely through agricultural land. Some streams have well preserved forests along their banks, while others are in the process of restoration. Amazonian species mix with those from the Brazilian savanna. It’s becoming hotter and drier as the climate changes. For the climate scientists and ecologists at Woodwell and IPAM, it’s the perfect natural laboratory. 

As the first research project launched in that laboratory, the fire experiment garnered much fanfare.

“Grupo Amaggi had mobilized society, there were journalists and newspaper reporters and firefighters. People from the company and people from the local towns,” recalls Nepstad. It was new territory, intentionally burning the forest to learn how it changed the landscape. “It was really exciting.”

With each new year of burning, insights revealed themselves. One particularly hot, dry year, the forest burned even more than predicted. Nepstad recalled seeing flames, shin-high, still burning at 2 am the next morning. Tree mortality afterward jumped from its usual 6% up to 50%.

“That was tragic for that patch of forest,” says Macedo. “But it has yielded really important insights. Almost prescient. Just look at 2023: it was an incredibly dry year in the Amazon, and all of a sudden we saw fires in the very middle of the rainforest—areas that used to be much too wet to burn can now burn during a big drought.” 

With the fire experiment underway, there was still nearly 200,000 acres of land available to study, so Nepstad invited researchers like Macedo, Coe, and Dr. Paulo Brando, who worked with Nepstad in Pará, to explore what other stories Tanguro might be able to tell about the Amazon. In its 20 year history, over 180 papers have been published from research at the station, ranging in topic from hydrologic changes, to the climatic limits on productive agriculture, to the degradation of forest carbon, to the value of tapir poop for restoration. Brando attributes the station’s prolific results to the knowledge of its staff.

“Part of Tanguro’s magic is to learn from the people who have been working for 20 years in the forest. They have an intuitive sense of what is happening with these forests’ health,” says Brando.

Another unique aspect of Tanguro’s location is where it sits in relation to the larger ecosystem. The hundreds of small streams that criss-cross Tanguro form the headwaters of the Xingu River—a major tributary to the main stem of the Amazon. Tanguro is just 60 kilometers from the Xingu Indigenous Territory, through which the river of the same name runs. Any upstream disturbances to nutrients, sediments, or stream outflow have the potential to ripple down to the reserve, impacting the livelihoods of Indigenous communities within. 

“The headwater streams that we’re studying here at Tanguro drain into the Xingu reserve. So, these scientific questions of how water quality is being impacted by agriculture are important to understand as a cross-boundary issue,” says Macedo. “Water connects everything.”

IV. Connecting to the Community

When Tanguro General Coordinator, Dr. Ludmila Rattis, started her postdoctoral research at the field station, Canarana was a different town—small and male-dominated enough that a female environmental scientist had no hope of staying anonymous. Rattis would see her name written on bar tabs as “IPAM’s girl.” She went for runs and felt the stares.

It was a hard place to be, she recalls. “I felt watched all the time. I couldn’t do anything without bringing with me the name of an institution. And the internet connection was less than one megabyte, so Netflix was a challenge,” Rattis says. “Opening an email was a challenge.”

Working for an environmental non-profit in a farm town that owes its very existence to deforestation is sometimes tricky to navigate. But agriculture is woven into the DNA of Tanguro Field Station. Climate scientists may flinch to see bulldozers pressing into the undergrowth, but ultimately the proximity to agriculture here is what has yielded some of the station’s most valuable insights. 

“By being here in this place for a long time, we’re able to observe changes as they happen, and say something much more confidently about what the broader impacts are on the Amazon,” says Macedo.

The partnership with Grupo Amaggi has also helped connect science to big decisions in the soy sector. In 2012, when debates over the future of Brazil’s forest code were roaring away, Nepstad was invited to join a field trip to Tanguro with the main lawmakers shaping the new code—including Senator Blairo Maggi, an owner of Grupo Amaggi. Seeing firsthand the experiments with forest restoration at the station helped demonstrate the feasibility of implementing the new protections. The forest code was revised and most of its restrictions on forest clearing are still in place today.

“It was really the science that opened these doors,” says Nepstad. 

Rattis’s research, in particular, has gone a long way toward strengthening partnerships with farms around the region. She spent her year in Canarana talking with farmers about their experience of climate change—rainy seasons starting later, crop yields dropping—and asking what information they might find useful from climate models. Slowly, as she came back to them with her results, showing them rainfall and temperature predictions and keeping a dialogue open, she built a rapport that not only strengthened her relationship with the community, but helped guide future research. 

“The farmers will tell you whether something looks right or not, and 90% of the time they’d say ‘wow, can you please send me that graphic? I want to show my neighbors,’” says Rattis. One new study even began after conversations with a farm manager hinted at a connection between forests and crop production. “I said we were wondering if the crops would produce more closer to the forest, and he said, ‘that makes sense because the cotton plants are bigger closer to the forest edge.’”

Researchers at Tanguro have also built connections with residents of the nearby Xingu Indigenous reserve, partnering with villages to study the downstream impacts of recurring fires. A professor with the Federal University of the Amazon (UFRA), Dr. Divino Silvério, who conducted his doctoral research at Tanguro, has led much of this work. 

“The main idea was to integrate the scientific knowledge we had at Tanguro, with the traditional knowledge of the Indigenous people, to better quantify the impacts of fire on species that are used by them for food, construction, and medicine,” says Silvério. 

 During the study, Silvério and his research team visited the Xingu reserve to discuss the research and share insights. They also provided scholarships to several Indigenous students to help in the data collection and visit Tanguro for a knowledge exchange. 

“Indigenous people have been managing the forests well for centuries,” says Silvério. “But now we have climate change. It’s becoming really urgent to have these kinds of conversations, to come up with some solutions to mitigate the impacts of climate change on the livelihoods of these people.”

Rattis also believes Tanguro has a role to play as an education hub. Over the last year she has been working to create an essay prize for local students, honoring an IPAM employee who championed environmental education in the 2000s.

“The Tanguro we have today is the legacy of the many people that have worked there,” says Rattis.

V. What does the future look like?

Maracahipes-Santos has climbed this tower a thousand times. Today he’s climbing it once more, to anchor a back-up belay line to one of its top struts. If one of us passes out mid-climb, at least they’ll be able to lower us down gently. If all goes well, we will be climbing the 118 feet up and back under our own power, anchored to the center of the tower with a mechanism that locks like a seatbelt under sudden downward force.

The tower itself is essentially an overgrown ladder, with various gas and weather analyzers strapped to spindly poles at the top. There are three of them stationed around Tanguro to monitor the movement of carbon dioxide, water vapor, and other gasses into and out of the landscape. This particular tower is a 15 minute hike into a section of intact forest that was used as the control site during the fire experiment. 

After checking and rechecking my tethers, a shout from Maracahipes-Santos, already at the top, signaled it was time to start the climb.

One hand up a rung, then the other. Feet to follow. Step, step, breathe. You’re supposed to lean back, let the harness hold you and push your weight up with your legs, but an unshakable instinct makes me pull tight to the ladder, so when I reach the top my forearms are shaking. Sweaty, breathless, flushed, but above the canopy at last. Maracahipes-Santos smiles and attaches my safety hook to one of the struts. Up here, we are taller than the trees.

From the top of the tower, you can read the history and future of this place, just by turning your head. Forest stretches to the horizon in one direction, an unbroken mosaic of deep green. In another, you can see massive rectangles of red dirt and uniform carpets of pale green soy cut into the landscape. Somewhere hidden behind a copse of planted eucalyptus are the corrugated metal roofs of the research station. Rain is falling on the horizon. 

Not too many decades ago, this was all forest. Just another impossibly thick cluster of living organisms breathing and dying and growing anew in one of the most densely biodiverse ecosystems on the planet. Now, the vigilant scientific instruments whizzing away up here document its decline. 

Research at Tanguro is driven by one big question: “What is the future of the Amazon?” But the answer to that question will depend — on scientists continuing to come to Tanguro to understand how this ecosystem is changing, on the field technicians making it possible to conduct science in the forest safely, on farmers taking pride in caring for the forests that stand on their land, on government officials building policies that reflect science, and on the decisions of people thousands of miles away to reverse climate change.   

“When you’re doing research on this forest, you realize it is an amazingly tough system that is now being faced with tougher and tougher stresses and disturbances. So it needs help, and it needs to be given a chance, but it will continue,” says Nepstad. “And I think Tanguro has a big role to play in that.”

The past 20 years at Tanguro have done much to point the Amazon towards a more hopeful future. What will the next 20 bring?

“My hope,” says Rattis, “is that in 20 years we won’t be dealing with deforestation anymore. ‘Remember that time when we had to convince people not to cut down the forest? I’m so glad we’re past that.’”

Traders are bracing for a record-smashing summer that will shake up commodities

dried wheat stalks

Around the world, people are already living through the havoc brought on by global temperatures that are breaking records. It’s about to get a lot worse.

Odds are growing that 2024 will become the hottest year in history as the Northern Hemisphere barrels into summer. Prices for some of the world’s most vital commodities — natural gas, power and staple crops like wheat and soy — are climbing. The world of shipping, already thrown into chaos from the Red Sea to the Panama Canal, is likely to be rocked again by parched waterways. And the potential for destructive wildfires is increasing.

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The world is ignoring the other kind of deadly carbon

Not only is black carbon terrible for human health, but ever-fiercer wildfires are covering the Arctic with the dark particles, accelerating melting.

Smoke mixes with fog and clouds over a burned evergreen forest

Once again, vast expanses of Canadian wilderness are on fire, threatening towns and forcing thousands to flee. It appears to be a breakout of “zombie fires”: wildfires from last year that never actually went out completely but carried on smoldering underground, reigniting ground vegetation again this year. They’ve been pouring smoke—once again—into northern cities in the United States. That haze is loaded with a more obscure form of carbon, compared to its famous cousin CO2: black carbon. By May 16, the fires’ monthly carbon emissions surpassed 15 megatons, soaring above previous years.

Read more on Wired.

Brazil’s Amazon fires off to record 2024 start as green union blames firefighting budget cut

A firefighter is silhouetted against a nighttime blaze

Brazil’s Amazon rainforest has experienced its largest blazes on record in the first four months of the year, with the environmental workers union on Monday placing partial blame on lower government spending on firefighting.

Brazil’s President Luiz Inacio Lula da Silva has staked his international reputation on protecting the Amazon rainforest and restoring Brazil as a leader on climate policy.

The Amazon, the world’s largest rainforest, is vital to curbing catastrophic global warming because of the vast amount of greenhouse gas it absorbs.

Continue reading on Reuters.